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Mudanças nos relacionamentos: Aceitando a Realidade das transformações do amor .

Foto do escritor: Daniela CracelDaniela Cracel

Mudanças nos Relacionamentos: Aceitando a Realidade das Transformações no Amor


Por Daniela Cracel



Nos últimos tempos, os relacionamentos passaram a ser vistos sob uma ótica muito mais dinâmica e plural. Ao contrário do que se imaginava antigamente, onde havia uma visão idealizada e rígida sobre como um casal deveria se comportar, as mudanças nas relações se tornaram mais evidentes, desafiando antigos paradigmas e trazendo à tona questões cruciais sobre o desejo, a intimidade e a convivência. E, embora a sociedade ainda possa ser reticente em admitir, essas mudanças são, na maioria das vezes, naturais e essenciais para a sobrevivência do relacionamento a longo prazo.


A Transformação no Modelo Tradicional


A psicóloga e terapeuta Esther Perel, em suas pesquisas e livros, como Mating in Captivity, já destaca que o desejo e a paixão, muitas vezes, são afetados pela rotina e pela convivência prolongada. Em casamentos e relacionamentos duradouros, o desejo sexual não permanece o mesmo, e isso não deve ser encarado como um fracasso, mas sim como uma evolução natural. A ideia de que casais devem ter relações sexuais constantes ou dormir juntos todas as noites, por exemplo, já não faz mais tanto sentido para muitas pessoas. Esses padrões impostos pela sociedade podem criar uma pressão desnecessária, levando os casais a sentir que estão falhando ou se distanciando.


A realidade é que muitos casais, mesmo se amando, não dividem a mesma cama todas as noites, e isso não significa que o relacionamento esteja fadado ao fim. John Gottman, um dos maiores especialistas em relacionamentos, aponta que a qualidade da comunicação entre os parceiros é mais importante do que o tempo passado juntos fisicamente. Ele afirma que casais felizes e duradouros possuem uma habilidade única de se conectar emocionalmente e gerenciar os conflitos de maneira saudável, mais do que simplesmente compartilhar a mesma cama ou a mesma rotina.


Desejo e Intimidade: A Necessidade de Renovação


Outro aspecto importante que precisa ser discutido é a mudança nos desejos e na intimidade. Muitas vezes, há um mito de que, após um tempo, o desejo no relacionamento desaparece, mas, na realidade, ele pode apenas se transformar. A terapeuta de casais, Sue Johnson, fala sobre a importância de criar um vínculo emocional seguro, o que facilita uma nova forma de desejo e intimidade, mais baseada na conexão emocional do que apenas no físico. Em vez de ver a mudança do desejo como um problema, é mais saudável enxergá-lo como uma oportunidade de redescobrir e reinventar a relação.


David Schnarch, psicoterapeuta especializado em intimidade, também aborda a ideia de que a intimidade sexual pode evoluir ao longo do tempo. Em seu livro Passionate Marriage, ele argumenta que as relações duradouras precisam passar por fases de reinterpretação e renovação do desejo. A evolução do desejo é, muitas vezes, uma sinalização de que o casal está crescendo junto, aprendendo a se conhecer de formas novas e mais profundas.


A Realidade dos Conflitos e Mudanças no Vínculo


Além das mudanças na vida sexual e nos hábitos cotidianos, a maneira como lidamos com os conflitos também evolui ao longo dos anos. John Gottman, através de sua pesquisa científica sobre os casais, identificou quatro comportamentos destrutivos em relacionamentos que devem ser evitados a todo custo: crítica, desprezo, defensividade e bloqueio emocional (stonewalling). Casais que sabem administrar esses momentos de tensão têm mais chances de construir um relacionamento saudável e duradouro. A chave está na capacidade de mudar o padrão de comunicação, adaptando-se à evolução dos próprios sentimentos e das circunstâncias da vida.


Não podemos esquecer que as mudanças nas relações também envolvem a aceitação de que, às vezes, o amor não é suficiente para manter uma relação intacta, e a necessidade de ter espaço pessoal e individualidade também cresce com o tempo. Casais que sabem respeitar esse espaço e reconhecer as transformações emocionais de ambos tendem a se adaptar melhor às mudanças e continuar nutrindo o relacionamento.


Desmistificando a Hipocrisia e Aceitando as Mudanças


Chegou o momento de parar de ser hipócrita e aceitar que os relacionamentos, assim como as pessoas, estão em constante mudança. Não há mais espaço para a idealização de um amor imutável ou para a crença de que os casais devem se manter inalterados, seguindo padrões rígidos e expectativas irreais. Relacionamentos duradouros exigem adaptação, compreensão e, muitas vezes, reinvenção.


Não é mais realista esperar que a paixão inicial seja a mesma ao longo dos anos. O que importa é como o casal se adapta a essas mudanças, comunicando-se abertamente e buscando formas novas e criativas de manter a conexão emocional e o desejo. O amor não deve ser estagnado, mas sim vivido e revivido de diferentes formas, conforme as necessidades e desejos dos parceiros evoluem.


Por fim, é importante lembrar que cada relacionamento é único, e o que funciona para um casal pode não ser a verdade absoluta para outro. O que precisamos é criar um espaço onde as transformações sejam aceitas sem julgamento e onde a flexibilidade e a comunicação sejam as chaves para uma convivência harmoniosa. Amar é, sem dúvida, um processo de constante adaptação, e só aceitando as mudanças é que poderemos evoluir juntos.



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