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O transtorno Borderline e a criança "fofinha". Uma abordagem sistêmica familiar.


O Transtorno Borderline e a Criança "Fofinha":

Uma Abordagem Sistêmica Familiar


Autora: Daniela Cracel


Introdução


O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é uma condição que impacta significativamente a percepção de si e dos outros, influenciando os relacionamentos e comportamentos. Ao explorar o TPB no contexto familiar, é fundamental considerar como a dinâmica familiar molda o desenvolvimento emocional. Este artigo analisa a figura da criança "fofinha", suas funções dentro da família e a transição para a vida adulta, destacando o método "Borbolete-se" como uma ferramenta de transformação.


A Criança "Fofinha" e sua Função Familiar


Na maioria das famílias, a criança "fofinha" ocupa um papel central, frequentemente simbolizando inocência e vulnerabilidade. Essa criança é muitas vezes protegida e mimada, o que pode resultar em uma dinâmica familiar onde ela se torna o "reflexo emocional" dos outros. Segundo Minuchin (1974), "as famílias operam como sistemas, e cada membro desempenha um papel que influencia o funcionamento do todo."


O Papel da Criança na Dinâmica Familiar


Essa criança pode ser vista como um "pacificador" nas tensões familiares, sempre tentando evitar conflitos. Frases como "Eu só quero que todos estejam felizes" podem refletir a pressão que ela sente para manter a harmonia familiar. Essa expectativa pode fazer com que a criança desenvolva um comportamento de autocuidado inadequado, colocando as necessidades dos outros acima das suas.


Essa dinâmica pode levar a um ciclo de comportamento em que a criança não aprende a expressar suas próprias emoções e, ao invés disso, se torna a cuidadora emocional dos adultos ao seu redor. Isso pode resultar em dificuldades em estabelecer limites e em expressar necessidades, características comuns em adultos que sofrem de TPB (Brown, 2015).


A Transição para a Vida Adulta


À medida que a criança "fofinha" cresce, as consequências de sua infância podem se manifestar de forma significativa. Esses adultos frequentemente enfrentam desafios na regulação emocional e na formação de relacionamentos saudáveis. É comum que expressem sentimentos de abandono e instabilidade, como: "Eu nunca sei se as pessoas realmente se importam comigo."


Características do Adulto com TPB


Os adultos que cresceram nesse ambiente podem apresentar comportamentos de intensa busca por validação e medo de rejeição. Eles podem oscilar entre idealizar e desvalorizar relacionamentos, um padrão descrito por Linehan (1993) como "alteração emocional." Isso ocorre porque, durante a infância, aprenderam que sua aceitação dependia de atender às necessidades emocionais dos outros.


Além disso, a falta de habilidades de enfrentamento pode resultar em comportamentos autodestrutivos, como automutilação ou abuso de substâncias, como uma forma de lidar com a dor emocional. Muitos podem se sentir perdidos e desamparados, dizendo coisas como: "Sinto que não tenho controle sobre a minha vida."


O Método Borbolete-se como Ferramenta de Transformação


O método "Borbolete-se" oferece uma abordagem para essa transformação pessoal. Este método visa ressignificar experiências passadas e desenvolver uma nova identidade, promovendo a autonomia emocional. Miranda (2018) enfatiza que "a transformação pessoal exige um espaço seguro onde a vulnerabilidade é acolhida."


Aplicando o Método


Através de sessões terapêuticas, o adulto é incentivado a explorar suas emoções e entender que é possível romper com padrões disfuncionais. Por exemplo, em um exercício, o terapeuta pode perguntar: "Quais são suas necessidades reais, além de cuidar dos outros?" Esse tipo de reflexão ajuda o indivíduo a perceber que suas emoções são válidas e que ele merece cuidado e atenção.


O objetivo do método é facilitar a metamorfose emocional, onde o indivíduo aprende a reconhecer sua própria força e a estabelecer limites saudáveis. Esse processo é fundamental para ajudar os adultos a construir relacionamentos mais equilibrados e saudáveis.


Conclusão


O transtorno borderline, quando analisado sob a ótica da dinâmica familiar, revela a complexidade das relações interpessoais e o impacto que essas relações têm no desenvolvimento emocional da criança. A figura da criança "fofinha" reflete não apenas as expectativas familiares, mas também as pressões que podem moldar sua vida. Através de intervenções como o método Borbolete-se, é possível promover a resiliência e o empoderamento emocional, permitindo que essas crianças cresçam e se transformem em adultos saudáveis e autônomos. A compreensão sistêmica dessas dinâmicas é fundamental para promover a saúde mental e o bem-estar emocional.


Bibliografia


Brown, J. (2015). Family Systems Therapy: Concepts and Techniques. New York: Routledge.


Linehan, M. M. (1993). Cognitive-Behavioral Treatment of Borderline Personality Disorder. New York: Guilford Press.


Miranda, T. (2018). Borbolete-se: A Arte da Transformação Pessoal. São Paulo: Editora XYZ.


Minuchin, S. (1974). Families and Family Therapy. Cambridge: Harvard University Press.

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