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Adultos que usam chupeta: conforto, risco ou sinal de algo mais profundo?

  • Foto do escritor: Daniela Cracel
    Daniela Cracel
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

🍼 Adultos que usam chupeta: conforto, risco ou sinal de algo mais profundo?


✍️ Por Daniela Cracel


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A chupeta, tão comum na infância, reaparece discretamente em alguns adultos, despertando curiosidade, estranhamento e até preconceito. O gesto, que parece ingênuo, traz à tona questões que atravessam a neuropsicologia, a saúde bucal e, sobretudo, o universo da regulação emocional. Afinal, o que leva uma pessoa madura a recorrer a esse objeto símbolo de colo e proteção?



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🔎 A neuropsicologia por trás do hábito


O ato de sugar não é um capricho. Trata-se de um mecanismo cerebral ligado ao sistema de recompensa, liberando pequenas doses de dopamina — neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e alívio.

É o mesmo circuito ativado por roer unhas, mascar chiclete ou fumar.


Na neuropsicologia, esse gesto funciona como uma estratégia de autorregulação emocional. O cérebro aprende que o movimento repetitivo acalma e oferece uma rota rápida para silenciar a ansiedade ou induzir o sono.



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⚖️ DSM-IV: hábito, sintoma ou transtorno?


De acordo com o DSM-IV — Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais —, o uso de chupeta não é classificado como transtorno. Ou seja, não se trata, por si só, de uma patologia.

No entanto, quando o hábito se torna compulsivo e gera sofrimento clínico significativo ou prejuízo social, ocupacional e funcional, pode estar relacionado a quadros de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou distúrbios do sono.


A diferença central está no impacto: se o comportamento oferece conforto pontual, ele é apenas uma forma de regulação. Se começa a dominar a vida da pessoa, pode ser sintoma de algo mais profundo.



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🧸 O conforto que revela memórias


Para além da dimensão clínica, a chupeta carrega um simbolismo afetivo. Muitos adultos recorrem a ela como uma âncora inconsciente de memória: um objeto que remete ao colo, à proteção e ao cuidado recebidos na infância.

Em momentos de estresse, o cérebro busca retornar a esse lugar de segurança, numa tentativa de “voltar para casa”.



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🚨 Consequências na saúde física


Se no campo emocional a chupeta parece inofensiva, no físico a história é diferente. Especialistas em odontologia e fonoaudiologia alertam para riscos como:


Mordida aberta;


Alterações na deglutição;


Impactos na fala;


Necessidade futura de ortodontia corretiva.




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🌱 Caminhos alternativos de regulação


A chupeta pode acalmar, mas não resolve a raiz do problema. Existem formas mais saudáveis de oferecer ao cérebro o mesmo alívio:


Respiração e mindfulness para reduzir ansiedade;


Hábitos substitutos menos nocivos, como chás calmantes ou chicletes sem açúcar;


Terapia psicológica, capaz de investigar as motivações inconscientes e criar novos recursos de enfrentamento.




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✨ Um fenômeno humano


O adulto que usa chupeta não está, necessariamente, regredindo ou adoecendo. Ele está revelando, de forma simbólica, como o cérebro busca atalhos para equilibrar emoção e corpo.

Em uma sociedade marcada por pressa, cobrança e sobrecarga, talvez a chupeta seja apenas um sinal visível de um grito silencioso: a necessidade de mais espaços de acolhimento.



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🖋️ Daniela Cracel é psicóloga, especialista em neuropsicologia e criadora do método Borbolete-se.


 
 
 

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