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Entre ordens e silêncios : quando a hierarquia se torna abuso psicológico!

  • Foto do escritor: Daniela Cracel
    Daniela Cracel
  • 16 de ago.
  • 3 min de leitura

📌 Entre Ordens e Silêncios: quando a hierarquia se torna abuso psicológico


Por Daniela Cracel

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No imaginário coletivo, hierarquia é sinônimo de organização, respeito e ordem. No entanto, quando atravessada por comportamentos abusivos, a mesma estrutura que deveria proteger e dar direção pode se tornar palco de confusão, manipulação e medo.



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🔄 A manipulação da dúvida


Um dos mecanismos mais comuns no abuso psicológico dentro de ambientes hierárquicos é fazer o outro duvidar de si mesmo.

Isso acontece quando líderes ou superiores:


dão instruções vagas e depois culpam quem não acertou;


alternam entre elogio e crítica severa, criando instabilidade emocional;


negam fatos ditos ou feitos, empurrando a responsabilidade para o subordinado.



Esse jogo confunde, fragiliza e faz a vítima questionar sua própria percepção. É o chamado gaslighting organizacional.



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🧠 O olhar da neuropsicologia


Nosso cérebro precisa de previsibilidade para funcionar bem. Em ambientes estáveis, o sistema nervoso regula emoções, organiza a memória e sustenta a produtividade.

Mas quando a hierarquia é usada como ferramenta de manipulação:


o córtex pré-frontal (responsável por planejamento e foco) fica sobrecarregado;


a amígdala cerebral (ligada ao medo e à ameaça) se mantém hiperativada;


o corpo libera cortisol em excesso, levando a estresse crônico, insônia, lapsos de memória e até doenças físicas.



O resultado é uma mente confusa, um corpo exausto e uma autoestima em ruínas.



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👥 O efeito em grupo


Abusos na hierarquia não ficam restritos a uma única vítima. Eles contaminam o coletivo.


A criatividade diminui porque ninguém se sente seguro para arriscar.


A confiança é corroída, já que colegas passam a competir em vez de cooperar.


A motivação desaparece e a equipe trabalha em estado de sobrevivência.




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🚨 Como reconhecer o abuso hierárquico


Você sente que nunca entende direito as ordens, por mais que se esforce.


É acusado(a) de erros que não cometeu.


Recebe elogios e humilhações do mesmo líder, de forma imprevisível.


Vive em alerta, temendo ser repreendido ou exposto.


Sai do trabalho com a sensação constante de “não ser bom o bastante”.



Esses sinais não são “frescura”, são indicadores de um ambiente adoecido.



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🌱 Caminhos de proteção para os abusados


1. Nomear o abuso: perceber que a confusão não está em você, mas no jogo de poder do outro.



2. Estabelecer limites: responder de forma assertiva, sem agressividade, reforçando o que foi dito (“Entendi que a orientação foi X, está correto?”).



3. Registrar fatos: anotar datas e situações ajuda a trazer objetividade diante de manipulações.



4. Buscar apoio: conversar com colegas, RH ou instâncias superiores quando possível.



5. Fortalecer a autoestima: terapia, autoconhecimento e exercícios de comunicação clara devolvem firmeza.





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🌿 Caminhos de mudança para os abusadores


Nem sempre o abuso vem de maldade. Muitas vezes, é repetição de padrões, insegurança ou má gestão emocional. É possível transformar a comunicação:


Clareza nas instruções: ser objetivo, especificar prazos e expectativas.


Feedback respeitoso: apontar erros sem humilhar, focando no comportamento e não na pessoa.


Escuta ativa: parar para ouvir o outro antes de responder.


Consistência: evitar mensagens contraditórias que confundem.


Autocrítica: perceber quando o tom sobe ou a fala diminui o outro, e corrigir.



Um líder não perde autoridade quando trata com respeito; pelo contrário, ganha confiança e legitimidade.



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✨ Conclusão


Hierarquias são necessárias, mas não podem ser justificativa para humilhação, confusão e controle psicológico.

O verdadeiro líder não precisa diminuir para se sentir maior.

E o verdadeiro profissional não deve normalizar o abuso como parte do trabalho.


Autoridade que inspira é aquela que orienta, fortalece e dá clareza.

No fim, a comunicação não violenta e a autoestima são os maiores antídotos contra os silêncios abusivos que tanto adoecem nossas relações.



 
 
 

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