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Envelhecer não é igual para todos : por que a idade pesa mais para as mulheres do que para os homens?

  • Foto do escritor: Daniela Cracel
    Daniela Cracel
  • 24 de ago.
  • 2 min de leitura

Envelhecer não é igual para todos: por que a idade pesa mais para as mulheres do que para os homens?


Por Daniela Cracel – Psicóloga e Neuropsicóloga


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A régua do tempo é desigual

A idade chega para todos, mas o peso dela não é o mesmo. Enquanto os cabelos grisalhos podem ser celebrados como símbolo de charme e experiência em homens, nas mulheres eles são frequentemente vistos como descuido, sinal de decadência ou até motivo de invisibilidade social. A régua que mede o envelhecer não é neutra: ela carrega o peso da cultura, da mídia e dos algoritmos que amplificam padrões distintos para homens e mulheres.


O peso estético e o relógio biológico

Mulheres convivem desde cedo com a ideia de que a juventude é sua principal moeda social. As cobranças vão da pele lisa ao corpo sem marcas, e atravessam ainda o estigma do “relógio biológico”, que transforma a fertilidade em marcador de validade.A menopausa, longe de ser vista como uma etapa natural, é retratada como um declínio. O mercado responde com uma avalanche de cremes anti-idade, procedimentos estéticos e filtros digitais, reforçando a mensagem de que o envelhecimento feminino deve ser apagado.


Rugas ou charme?

Para homens, as rugas são frequentemente lidas como “traços de caráter” ou maturidade. O grisalho virou tendência: atores como George Clooney e William Bonner são exaltados como exemplos de charme maduro.Já para as mulheres, atrizes como Meryl Streep ou Fernanda Montenegro precisaram conquistar reconhecimento em meio à pressão de permanecerem jovens diante das câmeras. Não raro, celebridades femininas que assumem seus cabelos brancos são questionadas sobre a decisão — enquanto os homens raramente precisam justificar o mesmo gesto.


A carreira e o teto etário

No mercado de trabalho, essa desigualdade também se traduz em oportunidades. Mulheres maduras são vistas como “ultrapassadas” e enfrentam o chamado teto etário, onde sua experiência deixa de ser valorizada. Já os homens ganham posições de liderança, sendo interpretados como fontes de autoridade e credibilidade.Enquanto elas precisam provar juventude e atualização constante, eles colhem prestígio da mesma passagem do tempo.


A lupa da mídia e dos algoritmos

As redes sociais e os algoritmos acentuam esse abismo. Celebridades como Kylie Jenner ditam padrões estéticos inalcançáveis para mulheres, reforçados por filtros que apagam qualquer sinal de idade. Já Paulina Porizkova, supermodelo, denunciou que aplicativos de namoro a tornavam “invisível” após os 50, simplesmente por causa da idade marcada no perfil.Essa lógica algorítmica ecoa a mesma mensagem cultural: a mulher vale menos à medida que envelhece; o homem, mais.


Ressignificar o tempo


O envelhecimento feminino, no entanto, vem sendo ressignificado. Movimentos de empoderamento, hashtags como #belezaamadurecida e exemplos de mulheres que assumem seus traços naturais mostram que há outro caminho possível: enxergar essa etapa como tempo de autenticidade, liberdade e força.Mais do que lutar contra rugas, trata-se de lutar contra um sistema que atribui valor desigual ao passar dos anos.


Porque envelhecer não é um peso, é um privilégio. Mas é urgente que esse privilégio seja reconhecido de forma justa – para mulheres e homens.


 
 
 

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