top of page
Buscar

Quando a diferença se torna alvo: o que Felca e outros artistas nos ensinam sobre bullying.

  • Foto do escritor: Daniela Cracel
    Daniela Cracel
  • há 6 dias
  • 2 min de leitura

Quando a Diferença se Torna Alvo: o que Felca e outros artistas nos ensinam sobre o bullying


Por Daniela Cracel


ree

"Eu me sentia menos que um animal."

A frase é de Felca, humorista e criador de conteúdo, dita em um podcast que emocionou milhares de ouvintes. Ao relembrar os anos escolares, ele não falou sobre notas baixas ou castigos, mas sobre algo mais profundo: a dor de ser excluído e humilhado diariamente. O bullying não se limitou a apelidos maldosos; corroeu sua autoestima, transformando a escola em um lugar de medo constante.


Por trás do riso fácil que hoje conquista milhões de seguidores, há um garoto que já evitou o recreio para não ser alvo de olhares e piadas. E Felca não está sozinho. Outras vozes conhecidas também carregam essa cicatriz.


Histórias que ecoam


Anitta já contou que sofreu bullying por seu jeito expansivo e pela aparência, recebendo comentários cruéis que tentavam reduzir sua autoestima.

Pabllo Vittar enfrentou preconceito aberto contra sua identidade de gênero e expressão artística, ainda na adolescência.

Whindersson Nunes ouviu piadas e humilhações sobre seu jeito simples e origem humilde, lidando com o peso do estigma social.


São histórias diferentes, mas que compartilham um mesmo eixo: a experiência de ser visto como “fora do padrão” e, por isso, transformado em alvo.


A lógica cruel do bullying


Do ponto de vista psicológico, o bullying é um jogo de poder. O agressor identifica uma característica que destoa do grupo — aparência, sotaque, comportamento, crença, orientação sexual, talento ou timidez — e a transforma em munição para afirmação de superioridade.

Na adolescência, o cérebro é especialmente sensível à exclusão social. A sensação de “não pertencer” ativa áreas cerebrais ligadas à dor física, o que explica por que tantas vítimas descrevem o bullying como uma ferida emocional que arde por anos.


Felca, por exemplo, não apenas se sentia diferente; sentia-se diminuído. A vergonha e o isolamento não vieram só das palavras, mas do eco delas dentro de si.


Do trauma à superação


Apesar das marcas, muitos artistas transformaram o sofrimento em combustível criativo.


Felca encontrou no humor uma forma de ressignificar suas memórias.


Anitta usou sua autoconfiança construída na marra para se projetar internacionalmente.


Pabllo Vittar transformou a rejeição em um discurso de empoderamento.


Whindersson fez da vulnerabilidade um diferencial no stand-up.



O que há em comum é a capacidade de criar um sentido novo para experiências antigas — algo que, na psicologia, chamamos de ressignificação.


Como quebrar o ciclo


A prevenção começa com a observação atenta. Professores e pais precisam estar sensíveis a sinais de isolamento, mudanças bruscas de comportamento ou queda no desempenho escolar.

Algumas atitudes essenciais:


Ensinar empatia e respeito à diversidade desde cedo.


Criar canais seguros para denúncias.


Valorizar habilidades e talentos individuais, evitando comparações pejorativas.


O apoio não deve vir com frases que minimizam (“isso é coisa de criança”), mas com escuta ativa e acolhimento.



Um convite à reflexão


Talvez a palavra “diferente” seja mal compreendida. Ela não significa “errado” nem “menor”. Significa “único”. Os artistas que hoje enchem estádios, palcos e telas são os mesmos que, um dia, ouviram que não se encaixavam.

Se tivessem acreditado nisso, o mundo seria mais silencioso, menos colorido e muito mais pobre em talento.

 
 
 

Comentarios


bottom of page